A minha narrativa

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A minha narrativa

Todos temos uma narrativa.
Uma história.
A nossa história.

Ora, noção tem que ser tida que não somos perfeitos, pelo contrário.
Somos imperfeitos, calejados, já completamente preenchidos por nódoas negras que nós próprios criámos.

Caímos sem querer, às vezes por não saber, outras por não conseguirmos controlar, outras porque em nós não há força para mais.

Erros esculpidos em nós, que tentam nos definir à força, que tentam ser o que nós somos.
Como se eu fosse a soma dos erros e não a soma do meu tentar me levantar e continuar.

As falhas falam alto, tentam prender o que sou ao que já fui, ao passado que deixei ganhar, e que ainda tento esquecer no presente e futuro que quero escrever.
Quando o que eu fiz tenta prender quem agora sou, como é que posso responder?
Posso mudar o que fiz? Não. Podia ter tentado melhor? Podia.
Percebo agora que havia outra saída, algo melhor a fazer? Sim.

Mas não posso voltar atrás. Não posso mudar o passado, os erros, a dor que causou, a maneira como me afetou.
Contudo, posso mudar o agora, posso mudar a forma como o passado me afeta, posso fechar portas.

Errei? Todos erramos. Arrependo-me? Completamente, faria diferente agora. Aprendi a lição? A lição toda.

Tentamos continuamente fugir do passado, tentamos continuamente fugir dos erros que cometemos, da narrativa que vivemos.
O problema é que não podemos fugir eternamente, em algum ponto, sem mais força para correr, somos apanhados e consumidos novamente.
Não podemos fugir para sempre.
O que me importa fugir? Não quero ficar limitada ao que fui, não quero deixar que o que fui defina o que sou. Não quero continuar a fugir para sempre. Com medo de ser apanhada, de ter que olhar, de ter que enfrentar.

Tu queres?
Então, como??? Como?
O melhor nunca vai ser fugir, o melhor vai ser enfrentar de frente e não o deixar ganhar.
Algo anterior não define o meu interior.

Eu tenho em mim o poder de dizer que não: não me afetas mais, não me persegues mais, não me maltratas, não me puxas para baixo, não define quem sou, não ditas quem vou ser.

Aconteceu, passou, foi encerrado. Capítulos fechados não voltam a ser abertos.

Por isso, a ti meu passado, erros cometidos, fases menos boas, eu me despeço de vocês. Não porque fujo, mas porque frente a frente vos digo: eu vivi, sofri, mas, acima de tudo aprendi, sobrevivi e ainda tenho tanto para viver. Não vais ser tu a controlar a minha narrativa, esse inimigo que na sombra paira ficou para trás, para a frente só dias de sol e de aprendizagem.
Aconteceu, mas acabou, errei, mas melhorei, e nunca mais vou deixar que algo me controle sem ser Aquele que tudo controla. Porque Ele verdadeiramente me perdoou, então eu perdoo-me a mim e entro em paz contigo, oh passado.

A minha narrativa não me controla, eu é que controlo a minha narrativa.

“Lady M”

#ladym  #narrativa #erros #história

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